Podemos dizer que doenças psicossomáticas são problemas de saúde que têm origem emocional e psicológica, que se manifestam no corpo como doenças físicas. 

São também conhecidas como somatização ou transtorno somatoforme.  A ciência já comprovou que o estresse, a ansiedade e os traumas podem contribuir para o desenvolvimento ou agravamento de diversas doenças. Aqui estão algumas das principais doenças psicossomáticas com respaldo em pesquisas científicas:

1. Doenças gastrointestinais

 – Síndrome do Intestino Irritável (SII) – Relacionada ao estresse e ansiedade; gastrite e úlceras gástricas – Influenciadas pelo estresse crônico e emoções reprimidas; refluxo gastroesofágico (DRGE) – Pode piorar com ansiedade e tensão emocional.

2. Doenças dermatológicas

– Psoríase – Estudos mostram que o estresse pode desencadear ou piorar crises; dermatite atópica e urticária – Associadas a ansiedade e traumas emocionais; vitiligo – Pesquisas indicam uma relação entre fatores emocionais e o surgimento ou agravamento da doença.

3. Doenças cardiovasculares

– Hipertensão arterial – O estresse crônico contribui para o aumento da pressão sanguínea; arritmias cardíacas – Fortemente ligadas à ansiedade e ataques de pânico; Infarto do miocárdio – O estresse prolongado aumenta o risco de doenças cardíacas.

4. Doenças musculares e ósseas

– Fibromialgia – Estudos mostram que traumas psicológicos e estresse estão ligados à dor crônica generalizada; dores lombares e cervicais – A tensão emocional pode causar dores musculares e contraturas; artrite reumatoide – embora tenha origem autoimune, o estresse pode piorar os sintomas.

5. Doenças respiratórias

– Asma – O estresse e a ansiedade podem desencadear crises asmáticas; hiperventilação e síndrome do pânico – Ataques de ansiedade podem causar dificuldades  respiratórias.

6. Doenças neurológicas e psicossomáticas funcionais

 – Cefaleia tensional e enxaqueca – Muito comuns em pessoas com altos níveis de estresse; síndrome da fadiga crônica – Ligada a traumas emocionais e exaustão psicológica; epilepsia psicogênica não epilética (PNES) – Convulsões sem causa neurológica detectável, associadas a traumas.

7. Doenças autoimunes (influenciadas por estresse)

– Lúpus eritematoso sistêmico; esclerose múltipla; doença de Crohn.

Como posso saber se estou, ou não, somatizando?

Muitas vezes, o paciente não consegue diferenciar os sintomas físicos de uma doença orgânica de algo que possa estar relacionado à somatização de condição psíquica.

É difícil conseguir diferenciar isso sozinho. Tem muitas pessoas que acabam fazendo exames e constatam que não há alterações biológicas no seu quadro de saúde. Daí a importância de se observar a frequência com que os sintomas ocorrem.

Sempre orientamos que se busque um diagnóstico e exames médicos para tratar os sintomas físicos. E quando não há desordem biológica, é necessário buscar um profissional para ajudar numa investigação com um psicólogo ou psiquiatra, porque sozinho é difícil diferenciar o que é físico e o que é psicológico, que podem estar como sintomas associados. 

O tratamento pode requerer acompanhamento psicológico e psiquiátrico para entender as razões do problema, porque a terapia pode ajuda a elaborar as coisas que se está sentindo, sem contar outros aspectos que podem estar ligados como o alimentação pessoal e o estado físico do paciente que são coisas importantes para um bom estilo de vida. Assim, qualquer hábito de automedicação está descartado.

Muitas doenças físicas têm uma forte ligação com o emocional. Embora tenham causas biológicas, fatores psicológicos podem desencadear, agravar ou dificultar a recuperação. Alguns fatores que podem favorecer o desenvolvimento de doenças psicossomáticas são: Traumas, Pressão ou violência psicológica, Esgotamento profissional, Bullying, Autocobrança, Depressão e Ansiedade.

O tratamento ideal envolve tanto acompanhamento médico quanto o suporte psicológico para cuidar da mente e do corpo juntos.

Podemos dizer que as doenças psicossomáticas são doenças do sentido humano, pois muitas delas surgem quando uma pessoa não consegue dar um significado adequado às suas emoções, traumas ou experiências de vida. O corpo aparece então como a expressão do sentido psicológico. O ser humano busca sentido para suas experiências, e quando isso não acontece de forma consciente, o corpo pode acabar manifestando esse conflito através de sintomas físicos. Isso acontece porque a nossa mente e o corpo estão profundamente conectados. Por exemplo: Quando uma pessoa se sente constantemente sobrecarregado e sem poder expressar isso, ela pode desenvolver dores musculares ou fadiga extrema; alguém que vive uma grande perda sem conseguir elaborar emocionalmente pode desenvolver problemas gastrointestinais ou doenças autoimunes; alguém que sente angústia sem saber lidar pode apresentar crises de asma ou taquicardia.

As doenças psicossomáticas mostram, em fim, que quando não expressamos nossas emoções, o corpo pode falar por nós. Elas são, de certa forma, uma tentativa do organismo de dar um sentido físico para algo que ainda não foi elaborado emocionalmente. Por isso, cuidar da mente é essencial para manter o equilíbrio do corpo.

Portanto, médicos e psicólogos que estudam e pesquisam a psicossomática mostram que dar sentido ao que sentimos ajuda a evitar que o corpo precise expressar isso em forma de doença. E defendem que as terapias que auxiliam na compreensão das emoções e abordagens humanistas, podem ajudar a reorganizar os significados internos e melhorar tanto a saúde mental quanto a física.

Por que desprezamos a importância das doenças psicossomáticas, em nossas vidas?

A tendência de desprezar a importância das doenças psicossomáticas em nossas vidas pode estar ligada a vários fatores culturais, sociais  e psicológicos. Muitas vezes, existe uma visão reducionista da saúde onde a medicina ocidental tende a focar mais nos aspectos físicos das doenças e menos nas interações entre mente e corpo.

Isso pode fazer com que sintomas psicológicos que afetam fisicamente o corpo sejam minimizados ou até ignorados.

Além disso, há um estigma em torno de doenças mentais e psicossomáticas, o que pode levar a negação ou à falta de compreensão sobre a seriedade desses distúrbios. Muitas pessoas podem manifestar sintomas físicos reais, como dores no corpo, problemas digestivos ou fadiga, criando uma desconexão entre o que é vivido emocionalmente e o que é sentido fisicamente.

A pressão social também influencia, pois em muitas culturas há a expectativa de que as pessoas possam lidar com suas dificuldades sem “mostrar fraqueza” ou “se render” aos sintomas, o que pode levar ao desprezo de como os aspectos emocionais impactam a saúde.

Para finalizar, um rápido adendo sobre o poder das metáforas na psicoterapia das doenças psicossomáticas. Seu uso simbólico na psicoterapia das doenças psicossomáticas têm um papel fundamental, pois ajudam a dar forma e significado às emoções que, muitas vezes, são difíceis de expressar diretamente. Isto significa que muitas doenças psicossomáticas podem ser entendidas como mensagens simbólicas do corpo. Ao explorar seus sintomas com metáforas terapêuticas, o paciente consegue compreender melhor o que está sentindo e encontrar novas formas de lidar com suas emoções.

As metáforas e símbolos são poderosos na psicoterapia porque permitem que a mente compreenda, de forma intuitiva e criativa, o que o corpo está tentando comunicar. Quando um paciente encontra uma nova forma de dar sentido à sua dor, muitas vezes o sintoma perde sua função e pode até desaparecer.

                                                                                                                                                                                                                       Fevereiro, 2025, Wagner Bosco

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