
Nela, Psicanálise, ter a certeza das palavras é coisa intima da intolerância consigo mesmo, que se juram sempre incompletas e emocionam. É como se elas fossem um violino emocionado, tenso e avassalador no resgate da memória, vibrando com o entender das metáforas que fazemos a todo momento, e não percebemos. Teus ditos princípios se confundem em nuances como algo em camadas, onde a fé começa a trilhar. Vê-se um caminho irmanado com a dúvida, o dilema e outras novas certezas que se adoram como defesa.
Uma flor, a mais costumeira, dali para fora, que depois transforma-se temperada em outras flores, coloridas e diversas. Tudo nela se dispersa, se recolhe, se abre, tudo nela é possível e se expande, onde se unem lembranças, fantasias e sonhos que necessitam se configurar como uma caixa de surpresas aparentes, transparentes, férteis e ensandecidas.
Nosso id, ego e superego, com seus sonhos malversados, na forma e nas cores do desejo aparecem armados, que saem tortos com seus chistes risonhos, sádicos, negligentes, vaidosos, outros que aglutinam, todos como um tiro desavisado de nós.
Todos os seus elementos te avisam que suas emoções descerão uma ladeira sem freios, mesmo insistindo em não quererem; mas a auto entrega precisa ser séria, tenha no divã amigo um tecido colorido como tapete persa de encher os olhos, ou não!
De coisas áridas, pesadas, outras leves que quase flutuam de contente, novas descobertas vem compassadas como um existir diferente.
Respostas viram perguntas e mais perguntas sobre si mesmo, como um livro de ficção, um filme de suspense, onde tudo acontece e não sabemos o seu final.
Mais contemplativos talvez de si, durante, depois, em um único espelho corajoso agora de se ver, queremos que elas venham – as coisas de passagem, de traz da cabeça para o fronte, e deste para o percurso longo e doloroso de trinta centímetros.
Mas daí inteiro como ser do nada e do tempo, em que surge um ego mais feliz e amavelmente clandestino, que nos ajuda a tecer novos olhares a uma realidade tão caótica quanto a nossa história de vínculos. Que se revisitam e outros que se constroem, perdidos numa vida de tantos sinais e metáforas vivas, que ainda aparecem disfarçadas.
Continuamos a precisar dela e daquele espaço como ajuda mágica de nossos símbolos indisciplinados. Para nos entendermos como memórias que se acumulam, autorizadas e refletidas. Elas doem, e continuam a doer, que agora quem sabe, podemos falar delas sem o auto constrangimento.
Nos psicanalisemos como rendição à nossa intolerância e às certezas de ego que tanto alimentamos, para que possamos ver as sombras que insistem heróicas, sem se esconderem mais.
Fevereiro, 2025, Wagner Bosco.